A pandemia do Covid-19 está mudando hábitos e transformando a forma de viver e sobreviver nos centros urbanos em todo o mundo. O transporte público e o modo de se locomover individualmente sempre fizeram parte dessa discussão, pois também são vetores de circulação do vírus. A grande surpresa, para muitos, foi a conclusão que parte da solução na mobilidade envolva um objeto do passado que já vinha sendo resgatado em muitos países europeus e asiáticos: a bicicleta.
Parte da população trabalhadora, principalmente de serviços essenciais, permanecem ativas, precisando se deslocar até o trabalho, mesmo com todas as restrições que vêm sendo impostas para limitar contato físico e aumento da propagação do vírus.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou no site do seu escritório europeu em maio, uma série de orientações sobre o deslocamento durante a Covid-19. Entre essas o ciclismo e a caminhada são defendidos como formas de limitar contato físico e prevenir a doença.
Segundo relatórios e a ciência essas formas de deslocamento fornecem distanciamento físico e ajudam a atender ao requisito mínimo de atividade física diária.
Reino Unido, França, Itália, Espanha e Alemanha, onde a já bicicleta vinha recebendo destaque positivo nos últimos anos, aumentaram a confiança na “magrela” durante esta pandemia.
Infelizmente, o Brasil, segue na contramão dessas medidas. Belo Horizonte, mais ainda. A cidade conta com um plano de mobilidade específica para incentivar o uso da bicicleta, o Planbici, desenvolvido por movimentos organizados de ciclistas urbanos e entregue ao atual prefeito Alexandre Kalil ainda nas eleições de 2016, quando ele assumiu o compromisso de apoiar e incentivar o modal.
Muitos belorizontinos seguem argumentando que a capital mineira não é uma cidade para o uso da bicicleta e ignoram quem a usa. Uma pesquisa nas hastag’s #bhpedala e #pedalabh vai mostrar que, ao contrário do que se pensa o senso comum, BH pedala, e muito! Cerca de 0,4% dos deslocamentos da cidade são feitos na “magrela’, segundo dados da BH em Ciclo (Associação de Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte). Grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras já usam a bicicleta como transporte, e a expectativa dos cicloativistas é que esse índice de uso aumente ainda mais.
“A demanda para aprender a pedalar é tão grande que temos duas oficinas mensais, gratuitas, no Bike Anjo BH, onde ensinamos as pessoas a pedalarem, e ainda assim fica gente de fora,” declarou Wilson Odilon, voluntário na Ong Bike Anjo.
Na política os ciclistas também contam com apoio parlamentar: “Nesses oito anos de mandato, venho acompanhando a luta dos ativistas da bicicleta e mobilidade, em transformar a cidade num local mais saudável e que promova a qualidade de vida. Em 2013, votei pela volta das bikes aos parques municipais, derrubando uma lei equivocada de 2011 que as proibia. Assinei também o apoio ao Planbici e cobro do executivo sua execução. É inadmissível que na gestão Kalil não se tenha construído um metro sequer de ciclovia, enquanto São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória ampliam suas redes cicloviárias” declarou o vereador Gilson Reis.
Para ativistas da bicicleta, Belo Horizonte não pode ficar para trás numa tendência mundial, que possui impacto positivo na cidade e que terá grandes investimentos no mundo pós pandemia: “Na pós-pandemia as bicicletas voltarão com força total no mundo. Não como solução única na mobilidade, mas com um apoio e equilíbrio de um objeto essencial à cidade, pois promove qualidade de vida e melhora a saúde das pessoas. Espero que Belo Horizonte entenda isso”, conclui Gil Sotero, cicloativista em BH.
O vereador Gilson Reis foi um dos parlamentares que votaram a favor da lei nº 10.863, de 23 de outubro de 2015, que passou a autorizar a entrada de bicicletas não motorizadas ou elétricas nos parques do município. A nova legislação substituiu uma lei anterior que proibia ciclistas de frequentaram os mais de 70 parques da capital mineira. Na foto um dos muitos “bicinics”, que começaram após a nova lei. Parque Ecológico da Pampulha. (Foto/Gil Sotero)